Braga quer afirmar-se como um polo de inovação e sustentabilidade, com impacto tanto a nível nacional como internacional, assume Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, cidade que acolherá, esta quinta-feira, a Conferência Sustentabilidade e Inovação, um evento organizado pela InvestBraga. "Acredito que Braga tem todas as condições para se posicionar como um exemplo em práticas urbanas inovadoras e sustentáveis, inspirando outras cidades a seguir o nosso caminho. Com as nossas características e o nosso potencial, podemos e devemos liderar pelo exemplo", mencionou ao Negócios o autarca e presidente do Conselho de Administração da InvestBraga. Aliás, no âmbito da InvestBraga, o responsável enfatiza que o compromisso passa por impulsionar o desenvolvimento económico da região, promovendo o empreendedorismo e atraindo investimentos estratégicos, especialmente nas áreas de tecnologia e inovação. "Queremos construir em Braga um ecossistema favorável ao investimento, onde novas ideias e negócios de base tecnológica encontrem um ambiente dinâmico e competitivo para crescer".
O evento incluirá dois painéis de debate. O primeiro, dedicado à Sustentabilidade, terá como oradores António Vicente, do Blue Project, e Carolina Almeida Cruz, da C-More.
O segundo painel focar-se-á na Inovação, com a participação de Manuela Vaz (Accenture Portugal), José Teixeira (DST Group) e Sandra Cerqueira (TUB).
Para Ricardo Rio, esta conferência alinha-se profundamente com as iniciativas de desenvolvimento económico e sustentável que têm vindo a ser implementadas em Braga. "Esta é uma oportunidade para consolidarmos o nosso compromisso de fazer da cidade um espaço de referência nestes domínios, promovendo um diálogo entre especialistas, empresários, e a comunidade local".
Através da InvestBraga, Ricardo Rio assume ser possível atrair e apoiar investimentos que contribuem para um futuro mais sustentável, tanto a nível ambiental quanto económico. "A conferência permitirá destacar projetos e iniciativas locais que já estão a fazer a diferença, bem como estabelecer colaborações que potenciem novas oportunidades de crescimento sustentável em Braga. É uma plataforma essencial para consolidarmos Braga como um polo de inovação e sustentabilidade a nível nacional e internacional, trazendo ideias novas que podem enriquecer as nossas próprias políticas e práticas".
Economia verde como prioridade
A transição para uma economia verde é também uma prioridade do executivo, estando a implementar várias ações que promovem práticas sustentáveis nas empresas locais e que transformam Braga num espaço mais ecológico. "Queremos que a cidade seja um exemplo na transição para uma economia de baixo carbono, e incentivamos o setor privado a adotar práticas cada vez mais sustentáveis".
Também no setor público o presidente da autarquia destaca os investimentos em iniciativas tecnológicas para tornar os serviços mais acessíveis e eficientes, sempre, garante, com o foco em melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. "Acredito que a tecnologia tem um papel fundamental na construção de cidades inteligentes, mais conectadas e capazes de responder às necessidades dos seus habitantes".
O ecossistema de startups não foi esquecido. Através da InvestBraga e do seu hub de inovação, a Startup Braga, Ricardo Rio diz terem sido criadas políticas e programas específicos orientados para a capacitação de empreendedores e para a criação e desenvolvimento de novas empresas, particularmente em áreas como as tecnologias digitais, as tecnologias para a saúde, a biotecnologia, a nanotecnologia ou a sustentabilidade. "Queremos que Braga seja uma cidade onde os empreendedores se sintam apoiados e onde as startups encontrem as condições ideais para prosperar".
Outra grande aposta enumerada pelo edil é a internacionalização de Braga. "Temos conseguido destaque no cenário internacional, mas queremos ir mais além, estabelecendo colaborações com outras cidades e instituições que nos ajudem a posicionar Braga como uma referência em inovação e sustentabilidade". Com parcerias e partilha de boas práticas, Ricardo Rio acredita que a região pode ganhar ainda mais visibilidade fora de Portugal.
Obviamente que existem desafios a serem enfrentados. Para que Braga se torne uma referência, Ricardo Rio enfatiza a necessidade de continuarem a investir em infraestruturas e políticas que promovam a inclusão, o desenvolvimento sustentável e a qualidade de vida dos bracarenses. "Nos próximos anos, o meu objetivo é garantir que Braga continua a evoluir de forma equilibrada, integrando inovação, sustentabilidade e um forte compromisso com o bem-estar da nossa comunidade".
Os desafios da região Norte
O presidente admite que a região Norte enfrenta desafios consideráveis na implementação de práticas de inovação sustentável, sobretudo em setores tradicionais como a agricultura e a indústria, que representam pilares importantes para a economia local. Um dos principais desafios enumerados é a transformação de métodos e processos de produção para reduzir o impacto ambiental sem comprometer a competitividade. "Nos setores tradicionais, muitas empresas ainda operam com métodos que, embora eficientes do ponto de vista produtivo, carecem de atualização tecnológica e são mais intensivos em consumo de recursos e geração de resíduos".
Outro desafio crucial mencionado por Ricardo Rio é a necessidade de financiamento e apoio técnico para a transição sustentável. Pequenas e médias empresas (PME), que predominam na região, frequentemente têm recursos limitados para investir em soluções tecnológicas e práticas sustentáveis que envolvem custos iniciais mais elevados. "Estas empresas também enfrentam desafios na adoção de novas tecnologias que exigem qualificação e formação específicas, muitas vezes escassas ou de difícil acesso". Na agricultura, por exemplo, o executivo diz ser vital encontrar um equilíbrio entre métodos inovadores e a preservação de práticas tradicionais que têm um papel importante nas comunidades rurais e na biodiversidade local. "A implementação de práticas sustentáveis requer também uma mudança cultural, onde os agricultores e produtores se sintam motivados e incentivados a investir em soluções como agricultura de precisão, sistemas de irrigação inteligentes e técnicas de rotação de culturas que preservem os solos e otimizem recursos".
Além disso, diz, a própria infraestrutura e logística da região nem sempre facilitam a adoção de práticas mais sustentáveis. "A otimização de cadeias de abastecimento e o desenvolvimento de infraestruturas que suportem o uso de energias renováveis e transportes sustentáveis são igualmente necessários para acelerar a mudança".
Assim, apoiar a inovação nestes setores implica, para o presidente da Câmara Municipal, um esforço conjunto de todas as partes interessadas, desde o governo e as autarquias até às empresas e instituições de ensino e formação. "É essencial criar um ecossistema colaborativo que facilite o acesso a recursos e promova a capacitação para práticas mais sustentáveis, alinhando o crescimento económico com a preservação ambiental e a qualidade de vida das comunidades locais".
Incentivos dão origem a clusters
Ricardo Rio não tem dúvidas de que as políticas públicas estão a desempenhar um papel fundamental na criação de um ecossistema de inovação na Região Norte, incentivando ativamente a colaboração entre universidades, empresas e os poderes de decisão. Através de incentivos financeiros, programas de apoio à investigação e desenvolvimento (I&D), ou de instrumentos voltados para a criação de novas infraestruturas tecnológicas que privilegiam montagens institucionais robustas, o objetivo, descreve o autarca, é construir uma rede sólida onde a transferência de conhecimento e a copromoção da inovação são o centro das atividades. "Em primeiro lugar, estão a ser implementados programas de financiamento específicos, como fundos europeus e nacionais, que apoiam diretamente projetos de colaboração entre instituições de ensino e empresas". Estes fundos, explana, permitem que as universidades possam desenvolver investigação aplicada em parceria com o setor privado, orientada para a criação de soluções tecnológicas e sustentáveis. "Este apoio financeiro é essencial, uma vez que cobre custos de investigação e desenvolvimento que muitas empresas, especialmente as PME, não conseguiriam suportar sozinhas".
Além disso, Ricardo Rio enfatiza que autarquias como Braga e entidades como a InvestBraga têm vindo a criar espaços de incubação e aceleradoras que reúnem empresas e investigadores num mesmo ambiente de trabalho, fomentando a troca de ideias e a criação de sinergias.
Outra dimensão importante é o apoio ao desenvolvimento de clusters industriais e tecnológicos. Através de incentivos, é possível, segundo o autarca, a criação de clusters setoriais - como o da biotecnologia, agroindústria, ou tecnologias de informação -, que facilitam a estreita colaboração entre empresas de uma mesma área e as universidades, para o desenvolvimento de produtos e serviços inovadores.
Convém salientar que a InvestBraga acompanhou cerca de 550 milhões de euros em mais de 300 projetos de investimento, sendo que alguns desses projetos "são um complemento à visão do município para a criação de uma Smart City". Braga tem um Plano Estratégico para o Desenvolvimento Económico que, segundo o autarca, "permite a ligação do conhecimento produzido nas Universidades e no Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia (INL) com diversas entidades de vanguarda, de componente tecnológica e de inovação".