Este retomar do financiamento por via normal terá, no entanto, a desagradável consequência de aumentar os custos de financiamento, porque, apesar de tudo, apenas conseguimos recuperar a confiança dos investidores se os compensarmos com taxas de juro claramente superiores às que pagamos à "troika".
A coligação governamental parece frágil e as dificuldades presentes e futuras, sobretudo em termos de execução orçamental, deverão continuar a testar a sua consistência. Conseguirá o actual executivo manter-se em funções até ao final de 2013?
Imaginem-se em Portugal há 30 anos, em 1982, o que também deve ajudar a encarar o presente com algum optimismo. Na saúde, a esperança de vida era menor e a mortalidade infantil era muito superior à actual. Na educação, a escolarização do país era muito mais baixa.
Se os mercados acabarem por interpretar esta renegociação como um sinal de desespero, isso fará disparar as taxas de juro da dívida pública no mercado secundário. Como o Estado se financiaria durante mais tempo junto da troika isso não seria um problema para as contas públicas
Mas o que não faltam são pretextos para o desastre, como a potencial saída da Grécia, sobre a qual o governo alemão tem tido uma atitude muito ambígua.
Os países fracos, ao saírem do euro, verão o foco da sua preocupação mudar radicalmente, das contas públicas para as contas externas. Mas para corrigir as contas externas passará a estar disponível um instrumento precioso, a desvalorização, que pode produzir fortes resultados com grande rapidez.
O ministro alemão da Economia e o presidente do Eurogrupo, Juncker, consideram que a saída da Grécia do euro é "gerível". Importam-se de repetir? Se a Grécia sair do euro, isso pode bem desencadear um processo de desintegração do euro
Já é tempo de os governos deixarem de ficar reféns da lotaria jurídica do TC. Para as questões mais graves deveria ser possível uma averiguação preventiva da constitucionalidade.