Os mais poderosos de 2015 Os mais poderosos de 2015

# Os maispoderosos de 2015 # Manuel Vicente é o 31.º mais poderoso da economia
Manuel Vicente, Vice-presidente da República Popular de Angola, é o 31.º mais poderoso da economia
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Porque entra

Manuel Vicente esteve no ranking dos mais poderosos em 2011 e 2012, anos em que ocupou o 39.º e o 25.º lugares, respectivamente. Em 2013 esteve ausente da lista e durante esse período chegou a ser investigado em Portugal por branqueamento de capitais. O caso foi arquivado e os ressentimentos do vice-presidente de Angola deram lugar a uma aproximação política, visível nos encontros que tem mantido com Paulo Portas. Tem o poder de decidir os investimentos portugueses em Angola e os angolanos em Portugal.


Bilhete de identidade
Manuel Vicente, 59 anos

Cargo: Vice-presidente da República Popular de Angola
Outras funções relevantes: Foi presidente da Sonangol
Naturalidade: Angolana
Estado civil: Casado
Formação: Licenciado em Engenharia Electrotécnica pela Universidade Agostinho Neto
A marca de 2015: Reassumiu o relacionamento diplomático com Portugal e mantém a aposta em dois investimentos feitos por ele, a Galp e o BCP.


Em Março de 2014, o Ministério Público português arquivou o processo em que Manuel Vicente era suspeito de branqueamento de capitais, o qual havia sido aberto em 2012. Neste mesmo ano, Vicente declarava que o investimento angolano em Portugal tinha deixado de ser prioritário.

A investigação, naturalmente, deixou sequelas. Primeiro porque estava em causa a segunda figura do Estado angolano, o seu vice-presidente. E depois porque o próprio Manuel Vicente se sentiu ferido na sua dignidade. Ao que consta, terá mesmo referenciado a diferença de tratamento que lhe era dada em Portugal e Inglaterra. No caso português, bastava-lhe transferir 10 mil dólares para ser considerado suspeito, uma situação que não vivia em Londres, mesmo quando estavam em causa valores mais elevados.

As reservas com que passou a olhar para Portugal têm vindo a ser mitigadas pelos canais diplomáticos, sobretudo através de Paulo Portas. Só este ano, o vice-primeiro-ministro português já se reuniu duas vezes com o vice-presidente angolano.

Pese embora o passado recente, Manuel Vicente mantém um apreciável ascendente sobre a economia portuguesa, resultante do facto de ter sido através dele que a Sonangol entrou na Galp e no BCP. Foi também sob a sua liderança que a petrolífera angolana fez uma parceria com a Mota-Engil. E nem as suas reservas fizeram esmorecer esta atitude. Além disso, por ter a seu cargo a pasta da economia, a maioria dos assuntos que envolvem a presença de empresas portuguesas em Angola passa pelo seu gabinete, assumindo-se como o desbloqueador de muitos impasses.

Esta circunstância faz com as suas decisões influenciem, ainda que de forma indirecta, a economia portuguesa. Em Portugal possui também património imobiliário, um apartamento em Lisboa e uma moradia no Algarve.

A par disso, José Eduardo dos Santos tem-lhe dado protagonismo político. Só em 2014, Manuel Vicente representou o presidente da República na cimeira Estados Unidos/África e na 69.ª assembleia-geral da Nações Unidas. A ligação entre ambos remonta à infância. Manuel Vicente, nascido a 15 de Maio de 1956, foi criado por Isabel Eduardo dos Santos (falecida em 2008), irmã mais velha de José Eduardo dos Santos, o que faz com que em círculos restritos a primeira e a segunda figura do Estado angolano se tratem por primos. São como irmãos siameses e só estão em campos opostos quando o jogo é o futebol. O vice-presidente é do Benfica, enquanto o presidente torce pelo Porto.

Tal como Eduardo dos Santos, é uma figura reservada e foge dos jornalistas como o diabo da cruz. Quando era presidente da Sonangol só falava na apresentação de resultados da petrolífera. As perguntas enviadas por e-mail não eram esclarecidas, por uma razão ou outra, mas Manuel Vicente respondia invariavelmente aos mesmo com um simpático "abraço de amizade".

Contudo, tem anti-corpos no comité central e ainda hoje há quem se oponha ao facto de ele ser vice-presidente, sobretudo por não ser um histórico do partido e por não ter participado na luta armada. O seu futuro político passará pelo congresso do MPLA marcado para 2016. Até lá vão-se contar espingardas.