Notícia
O Atlas do pintor Gerhard Richter
O pintor vivo mais valorizado pelo mercado publicou um extenso mapa das referências que procura para criar, num livro de artista destinado ao mercado.
06 de Agosto de 2016 às 10:15
A verdade é que, mesmo sem grandes ilusões, tentaremos sempre ganhar acesso ao enorme mistério que é o núcleo de um artista. Tentaremos sempre, contra a ordem das coisas, conhecer intimamente o que o faz criar, compreender porque cria o que cria.
A nossa tentativa faz-se com a observação das obras do autor, com a leitura detalhada dos seus textos ou examinando a forma como responde ao que lhe perguntam. E, porventura, procurando materiais mais fiáveis, como os documentos que vai partilhando connosco. Nesta última classe, sobrevivem, graças aos homens de bom gosto que restam e à generosidade do mercado, os livros de artista.
Um dos grandes executores destes objectos, e apaixonado por eles, é Gerhard Richter, o pintor alemão que muitos consideram o maior pintor vivo e que é também um dos mais valorizados. Richter tem vindo, nos últimos anos, a produzir alguns destes objectos, mas a sua grande obsessão há mais de 50 anos é o Atlas. Tal como o nome indica, o projecto é de uma dimensão e de uma ambição desmesuradas, procurando fixar, classificar, ordenar e, num momento posterior, partilhar todos os materiais que dão origem ao trabalho de Richter, o que inclui recortes de jornais, "flyers" publicitários, posters políticos, planos de desenho de edifícios, fotografias, mas também esboços, obras inacabadas, obras em construção, e outras referências sem classificação.
O pintor alemão nunca procurou uma ordem cronológica para o seu trabalho, buscando antes o alinhamento segundo "famílias" tipográficas e iconográficas. Richter publicou já algumas versões do Atlas, mas até agora faltava a edição definitiva, ou, escrito de outra maneira, a edição mais ambiciosa, aquela que procura chegar o mais perto possível do mistério que leva o pintor a criar.
Richter participou activamente nesta quimera, cedendo materiais até agora nunca revelados e reordenando todas as referências. O resultado é um livro único, publicado pela Walther Konig, dividido em quatro volumes de grande formato, que totalizam 828 páginas e albergam mais de 5 mil imagens. É, sem dúvida, uma boa porta para o acesso ao mistério da arte.
*Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.

O pintor alemão nunca procurou uma ordem cronológica para o seu trabalho, buscando antes o alinhamento segundo "famílias" tipográficas e iconográficas. Richter publicou já algumas versões do Atlas, mas até agora faltava a edição definitiva, ou, escrito de outra maneira, a edição mais ambiciosa, aquela que procura chegar o mais perto possível do mistério que leva o pintor a criar.
Richter participou activamente nesta quimera, cedendo materiais até agora nunca revelados e reordenando todas as referências. O resultado é um livro único, publicado pela Walther Konig, dividido em quatro volumes de grande formato, que totalizam 828 páginas e albergam mais de 5 mil imagens. É, sem dúvida, uma boa porta para o acesso ao mistério da arte.
Para valorizar Richter e o seu editor neste monumental Atlas tiveram a preocupação de criar um livro de referência, mas igualmente mais uma obra destinada ao mercado. Há uma edição limitada de 800 exemplares, que custa pouco mais de mil euros. A esta seguir-se-ão, provavelmente, outras mais modestas.
Os investidores devem avançar desde já.
Os investidores devem avançar desde já.
*Nota ao leitor: Os bens culturais, também classificados como bens de paixão, deixaram de ser um investimento de elite, e a designação inclui hoje uma panóplia gigantesca de temas, que vão dos mais tradicionais, como a arte ou os automóveis clássicos, a outros totalmente contemporâneos, como são os têxteis, o mobiliário de design ou a moda. Ao mesmo tempo, os bens culturais são activos acessíveis e disputados em mercados globais extremamente competitivos. Semanalmente, o Negócios irá revelar algumas das histórias fascinantes relacionadas com estes mercados, partilhando assim, de forma independente, a informação mais preciosa.