Opinião
Por que o desemprego é tão elevado
O primeiro-ministro admitiu que o desemprego vai continuar a subir em 2012. Estranho seria que dissesse o contrário, até porque ele sabe que os 14,5% do OE rectificativo vão ser superados. Mas por que sobe tanto o desemprego? Por causa da crise económica? Sim, mas isso não explica tudo.
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O primeiro-ministro admitiu que o desemprego vai continuar a subir em 2012. Estranho seria que dissesse o contrário, até porque ele sabe que os 14,5% do OE rectificativo vão ser superados. Mas por que sobe tanto o desemprego? Por causa da crise económica? Sim, mas isso não explica tudo. A razão principal é a falta de investimento. É verdade que a FBCF cresceu sempre desde 2005 (excepto em 2010 e 2011). Mas isso deveu-se, essencialmente, a investimento público. De duvidosa utilidade... O investimento privado, onde se inclui o estrangeiro (que devia ser o "driver" do nosso desenvolvimento), foi reduzido.
Foi esta "seca" de investimento privado que agravou as coisas. O leitor dirá que não é assim, que ainda em 2008 o desemprego não passava de 7,25%. É verdade, só que isso deveu-se ao crescimento do emprego no Estado (nessa altura havia mais de 750 mil funcionários públicos).
Mas voltemos ao investimento estrangeiro. Por que desapareceu? Porque há países que oferecem aos investidores melhor retorno: têm fiscalidade e contribuições sociais mais baixas, leis laborais flexíveis, licenciamento expedito, mão-de-obra com melhor formação, banca que financia empresas exportadoras (em vez de imobiliário), Justiça rápida, etc.
Como qualquer país pequeno, Portugal não tem capital suficiente para investir, nomeadamente no sector dos "transaccionáveis" (de que hoje tanto se fala). Não há mal nisso, podemos ir busca-lo lá fora. Mas temos de mostrar a quem tem capital que poderá ganhar mais se investir em Portugal do que noutros sítios. Pergunta: a classe política já percebeu isso? O debate da semana passada sobre a lei laboral sugere que não…
camilolourenco@gmail.com
Foi esta "seca" de investimento privado que agravou as coisas. O leitor dirá que não é assim, que ainda em 2008 o desemprego não passava de 7,25%. É verdade, só que isso deveu-se ao crescimento do emprego no Estado (nessa altura havia mais de 750 mil funcionários públicos).
Como qualquer país pequeno, Portugal não tem capital suficiente para investir, nomeadamente no sector dos "transaccionáveis" (de que hoje tanto se fala). Não há mal nisso, podemos ir busca-lo lá fora. Mas temos de mostrar a quem tem capital que poderá ganhar mais se investir em Portugal do que noutros sítios. Pergunta: a classe política já percebeu isso? O debate da semana passada sobre a lei laboral sugere que não…
camilolourenco@gmail.com
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