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Não há almoços grátis!

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A recente alteração do Rating de Portugal pela Standard & Poors são más noticias para o mercado de financiamento e, por conseguinte, para o mercado de investimento imobiliário.

A capacidade do Estado estimular a economia através da despesa tem um custo de endividamento que agrava ainda mais o défice orçamental.

O facto de Portugal ser posto no mesmo barco que a Grécia e Espanha são muito más noticias. Para muitos investidores internacionais, isto pode significar riscar Portugal do seu mapa ou vir a Portugal apenas com taxas de retorno mais altas.

Não querendo o Estado cobrar mais impostos (o que é louvável num país sobrecarregado pelos mesmos), a opção é o controlo da despesa.

Mas se é necessário estimular a economia, como podemos cortar na despesa? As boas (ou más?) noticias é que há muita despesa ineficiente que é hoje incorrida pelo Estado. Seja na saúde, na educação, nas estradas ou nas empresas públicas, há oportunidade de introduzir uma gestão mais exigente que nos traga as receitas necessárias (ou poupe as despesas excessivas) para equilibrar o défice.

O que é que isto tem a ver com imobiliário? Bem, muito, porque há um sem número de instituições que continuam a ter edifícios ao seu cuidado pelo qual não pagam rendas.

E isto causa indisciplina, pois se o espaço não for pago, então não há qualquer incentivo à optimização do mesmo.

Na óptica de muitos responsáveis que ocupam os edifícios, estes foram “doados” ao serviço, têm um custo praticamente nulo para além da sua manutenção e não pagam IMI.

Também é verdade que como não há verbas de manutenção suficientes, muitos edifícios estão obsoletos, têm má qualidade do ar e fracas condições de trabalho.

Em alguns casos temos rácios de ocupação de 1 trabalhador por cada 50 metros quadrados. O rácio normal no sector privado é de 12 a 15 metros quadrados por trabalhador. O espaço libertado poderia ser usado por outros serviços públicos. A despesa poupada poderia servir para ter melhores edifícios, mais produtivos, com melhor qualidade para os seus ocupantes ou utilizadores. E para diminuir a despesa corrente do Estado. E libertar capital empregue.

Mesmo que o senhorio seja o Estado ou uma empresa detida pelo mesmo, todos os serviços públicos deveriam pagar renda pelo espaço que ocupam. Isto daria a quem ocupa esses espaços um forte incentivo quando programam o seu orçamento anual, para analisarem a sua efectiva necessidade de espaço.

E a rendas de mercado, não a rendas artificialmente baixas.

Não há almoços grátis – nem edifícios que custem zero!

Luís Rocha Antunes
Partner e Director de Investimento
Cushman & Wakefield
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