Mas uma estratégia de partido charneira que acumula com o estatuto de partido dominante vai bloquear a alternância no sistema partidário ou, pelo menos, vai impor que o PS faça sempre parte da fórmula de composição do Governo. É a concretização da palavra-de-ordem “só, só, só PS!”.
Se o Presidente da República se mantiver em silêncio, ou se ninguém quiser ouvir o que ele disser, é o Estado democrático que fica bloqueado.
Quem entra na rotunda resigna-se a não poder ver mais do que aquilo que a rotunda lhe permite ver. Outra configuração é a esquina, onde o que se vê até um certo ponto da rua muda drasticamente quando se dobra a esquina, e o que era visível antes desaparece quando se passa para o outro lado.
Sem crescimento económico e sem um diagnóstico consensual sobre o que são os factores responsáveis pela estagnação, também não haverá solidariedade institucional, com o partido que tem uma maioria absoluta.
É um verdadeiro desastre, mas que é crónico na política portuguesa. Quando se rasga o manto diáfano da fantasia, o que se encontra é a nudez fria da dívida.
Nem o PSD consegue obter as taxas de crescimento que o Estado Novo conseguia, nem o PS consegue aproximar-se desses indicadores de crescimento e de capacidade competitiva.
Os que vieram a ter uma forte influência na formação e na direcção do PSD, ainda na fase PPD, integravam a ala liberal do marcelismo e tinham a chave para resolver a crise central que o salazarismo e o marcelismo não conseguiram resolver, a descolonização.
Quando se analisa o efeito das nacionalizações após o 11 de Março de 1975, terá de se reconhecer que o que aconteceu foi a destruição do capital nacionalizado e não a sua transferência para outros grupos sociais.