A civilidade dos portugueses (I)
Queremos a regulação da vida dos outros, desde que cada um possa escapar à socapa às normas que queremos para os outros, e que as desrespeitamos na primeira ocasião.
Queremos a regulação da vida dos outros, desde que cada um possa escapar à socapa às normas que queremos para os outros, e que as desrespeitamos na primeira ocasião.
A política legisla, a torto e a direito, contra a autorregulação de várias atividades. Todavia, quando se trata da Justiça, permite que as corporações que a enformam decidam, ao que parece pelos resultados, a seu belo prazer, o que investigar, quando, como e a forma de a comunicar.
Se é verdade que quem faz negócios não quer saber de ideologia, também é verdade que a ideologia tomará conta dos negócios. Foi assim no Estado Novo e depois da revolução de Abril. Aguardemos com paciência e serenidade a chegada dos novos tempos.
Invoca-se por tudo, e por nada, o argumento de correção de injustiças, as paranoias desenvolvimentistas, e a legitimidade do último mandato eleitoral para corroborar uma visão absolutista das instituições, da democracia e da definição do bem comum.
A política será sempre isso: resolver problemas para criar os novos. É, no entanto, obrigatório que nos atrevamos a resolver os atuais, aguardando serenamente pelos que daí possam advir.
Vivemos a experiência de diferentes interpretações dos poderes presidenciais. E aqui chegámos. A realidade obrigou-os a separarem-se e a perceberem melhor o juramento da Constituição. O PM quis que nos habituássemos a qualquer coisa que emanasse da sua lavra. Parece que chegou o momento de se habituar a um PR diferente.
A força das coisas leva-os à incoerência: criaram uma bancarrota, mas agora são os campeões das contas certas. Com este PS de AC estamos sempre bem servidos!
O debate político do futuro não é apenas de justiça social, mas sim encontrar a forma de a pagar sem criação de maior injustiça social.