Quando a maré baixa – e a maré baixa sempre – confirma-se a máxima do lendário Warren Buffett: “é quando vemos quem tem andado a nadar nu”. A Farfetch, fundada e gerida por José Neves, vende roupa de luxo, mas andava a nadar no mercado financeiro sem roupa.
O meu desconforto sobre como aconteceu a demissão de António Costa, e a consequente queda do Governo, parecia ter passado – mas regressou ainda com mais força. Numa crise de regime para a qual a política parece não querer olhar, a margem para conforto é nula.
Depois de aparecer ao lado de Luís Montenegro quando este piscou o olho a um pilar eleitoral perdido para o PS, os pensionistas, Cavaco Silva dá agora uma mão ao PSD no combate a um trunfo recente dos socialistas: as “contas certas”. As fragilidades do seu texto, e os aspetos em que está certo, ilustram os pontos fortes e fracos de oito anos de política orçamental do PS.
O Ministério Público que manda deter com indícios “vagos”, a política que desvaloriza o tráfico de influências, o Presidente que chama a Procuradora-Geral a pedido do primeiro-ministro, o governador que se deixa instrumentalizar pela política. Foi assim a segunda semana da crise institucional portuguesa.
O fim de oito anos de Costismo numa manhã não é fruto de um mero parágrafo da PGR. É o desfecho de uma cultura que fez da informalidade um pilar de atuação e que, juntamente com a crise da Justiça que a investiga, é mais do que uma crise política – é uma crise de regime.
A Efacec, que já tinha problemas graves antes do Luanda Leaks, perdeu metade da faturação e das encomendas nos últimos três anos em que o Governo arrastou a sua reprivatização. Valeu a pena pôr 360 milhões de euros do erário público na empresa?
Não recordo aqui a viagem que fiz em 2008 para reclamar qualquer tipo de autoridade sobre o conflito israelo-palestiniano. Conto-a para notar como a experiência, breve e superficial, me mostrou a extensão da minha ignorância não só sobre o conflito em si, mas também sobre como ele é vivido diariamente por israelitas e palestinianos.
A Autoridade da Concorrência usou os poderes que uma lei do tempo da troika lhe deu para o que foram anos inéditos de investigação e sanção a empresas abusadoras. Mas uma mudança sísmica nos tribunais superiores arrisca destruir o trabalho de anos, incluindo o maior processo de sempre em Portugal por viciação de preços: o dos supermercados.