Quando nos preocupamos, a um nível mais molecular da sociedade, em reduzir a nossa pegada de carbono para contribuir para um mundo mais sustentável, não fazemos ideia de qual a dimensão da pegada ambiental diária resultante de uma guerra.
É como se a vontade de fazer bem, patente na divisa da Marinha, estivesse combinada num desafio intergeracional onde, o cimentar do conhecimento, é feito com sabor a maresia.
Inicia-se hoje, 19 de setembro de 2023, o debate geral da 78.ª Assembleia Geral das Nações Unidas. A cardinalidade associada a esta assembleia geral recorda-nos que o mundo conseguiu atingir a marca dos 78 anos sem ter mergulhado numa nova guerra à escala mundial. Esperemos que assim continue por muitos anos.
Ao longo da nossa história, houve sempre uma certa tendência em projetar o modo de vida a longo prazo. Esses registos que podem ser encontrados em diversas escrituras redigidas ao longo da nossa civilização são, ainda que sujeitos a múltiplas interpretações, genericamente associados a um regime civilizacional em colapso ou a catástrofes naturais ou causadas pela própria humanidade.
A grande questão é que somente uma parte do tecido civilizacional provocou o atual desequilíbrio ambiental do planeta, mas a fatura tem de ser paga por todos, mesmo daqueles que nunca usufruíram dos lucros causados pela ação em causa.
Este processo contínuo, que irá redesenhar o futuro dos limites costeiros ao nível mundial, trará consigo dois dos mais desafiantes problemas das gerações futuras: a gestão global da crise dos eco-refugiados e a gestão global da crise de escassez alimentar.
Já agora, vale a pena perguntar: quantos migrantes poderiam eventualmente ser salvos com o esforço financeiro na mobilização dos meios aeronavais que foram utilizados nas buscas do Titan?
Desde o ano de 1970, ano zero do balanço ecológico, que estamos a acumular défice ecológico, sendo que, à semelhança das dívidas monetárias soberanas, um dia teremos de as pagar e este pagamento poderá ser muito mais caro do que o simples acumular de juros ambientais.