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O tema da recuperação económica global no pós Covid-19 associada à emergência da sustentabilidade marcaram claramente o ano de 2021 e serão ainda as palavras de ordem no ano de 2022, onde se espera um forte alinhamento de prioridades.
Foi neste contexto que se realizou no início do mês a COP26, em Glasgow. Este ano a conferência dedicada ao combate às alterações climáticas, assumia particular importância uma vez que se esperava o compromisso dos Estados plasmado nos respetivos planos de ação climática, conhecidos como Contribuições Determinadas a Nível Nacional (NDC na sigla anglo saxónica) para a concretização do Acordo de Paris, assinado em 2015, no qual se estabeleceu a ambiciosa meta de limitar o aquecimento global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais.
Rodeada de especulação, expectativa e tensão, o resultado alcançado em Glasgow gerou sentimentos antagónicos. Os ativistas consideraram as decisões muito curtas; os chefes de estado e outros negociadores entenderam que as expetativas foram cumpridas.
Sendo otimistas por natureza e adeptos da visão do copo meio cheio, não podemos ignorar os avanços alcançados face aos compromissos existentes bem como a recuperação da almejada estabilidade na ordem internacional, estabilidade esta que tinha sido posta em causa com o abandono do processo por parte dos EUA. Consequentemente, países influenciados pelos EUA foram "forçados" a acomodar a sua posição ao atual posicionamento dos EUA, como é o caso do Brasil e da Índia.
Inegavelmente, na conferência de Glasgow foram dados passos importantes no combate às alterações climáticas, entre as quais o compromisso de parar a desflorestação, até 2030; o plano patrocinado pelos EUA e EU para reduzir as emissões de metano em 30%; o bloqueio ao financiamento da industria fóssil e, finalmente, o acordo de 40 países para deixar de usar carvão (embora os principais consumidores, como os EUA e a China não tenham aderido). De salientar que o desenvolvimento de regras de funcionamento dos mercados de direitos de emissão de CO2 entre países e agentes privados, fortalecendo os instrumentos de preço que, salvo melhor opinião, são os mais eficientes para a redução das emissões, continuam a ser determinantes para o avanço da transição.
No entanto, continuamos a assistir à falta de incentivos ou mecanismos de coerção suficientes além da persuasão moral. Em abono da verdade, o modelo financeiro atual continua a sobrepor-se à urgência climática. É premente um ordenamento jurídico que incentive novas e mais equilibradas interações entre o capital financeiro, o capital natural e o capital humano. Dificilmente se obterão os resultados pretendidos sem mais regulação - de modo que a perceção das regras e do bem generalizado sejam comuns a todos -, maior tributação - no sentido de desincentivar as práticas que não geram benefícios agregados a longo prazo - e, paralelamente, mais subvenções - que dinamizem e incentivem todas aquelas práticas capazes de gerar grande valor no longo prazo, mas que a curto prazo acarretam custos pesados. Estratégias que visem responder afirmativamente a estes desígnios podem garantir que os fluxos financeiros da economia são direcionados a objetivos ambientalmente sustentáveis. Parafraseando Randeep Somel, gestor da M&G Investments, "a luta contra o aquecimento global não será combatida em Glasgow, mas nos parlamentos nacionais onde cada uma das propostas terá de ser aprovada pelos legisladores".
Foi neste contexto que se realizou no início do mês a COP26, em Glasgow. Este ano a conferência dedicada ao combate às alterações climáticas, assumia particular importância uma vez que se esperava o compromisso dos Estados plasmado nos respetivos planos de ação climática, conhecidos como Contribuições Determinadas a Nível Nacional (NDC na sigla anglo saxónica) para a concretização do Acordo de Paris, assinado em 2015, no qual se estabeleceu a ambiciosa meta de limitar o aquecimento global abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais.
Rodeada de especulação, expectativa e tensão, o resultado alcançado em Glasgow gerou sentimentos antagónicos. Os ativistas consideraram as decisões muito curtas; os chefes de estado e outros negociadores entenderam que as expetativas foram cumpridas.
Sendo otimistas por natureza e adeptos da visão do copo meio cheio, não podemos ignorar os avanços alcançados face aos compromissos existentes bem como a recuperação da almejada estabilidade na ordem internacional, estabilidade esta que tinha sido posta em causa com o abandono do processo por parte dos EUA. Consequentemente, países influenciados pelos EUA foram "forçados" a acomodar a sua posição ao atual posicionamento dos EUA, como é o caso do Brasil e da Índia.
Inegavelmente, na conferência de Glasgow foram dados passos importantes no combate às alterações climáticas, entre as quais o compromisso de parar a desflorestação, até 2030; o plano patrocinado pelos EUA e EU para reduzir as emissões de metano em 30%; o bloqueio ao financiamento da industria fóssil e, finalmente, o acordo de 40 países para deixar de usar carvão (embora os principais consumidores, como os EUA e a China não tenham aderido). De salientar que o desenvolvimento de regras de funcionamento dos mercados de direitos de emissão de CO2 entre países e agentes privados, fortalecendo os instrumentos de preço que, salvo melhor opinião, são os mais eficientes para a redução das emissões, continuam a ser determinantes para o avanço da transição.
No entanto, continuamos a assistir à falta de incentivos ou mecanismos de coerção suficientes além da persuasão moral. Em abono da verdade, o modelo financeiro atual continua a sobrepor-se à urgência climática. É premente um ordenamento jurídico que incentive novas e mais equilibradas interações entre o capital financeiro, o capital natural e o capital humano. Dificilmente se obterão os resultados pretendidos sem mais regulação - de modo que a perceção das regras e do bem generalizado sejam comuns a todos -, maior tributação - no sentido de desincentivar as práticas que não geram benefícios agregados a longo prazo - e, paralelamente, mais subvenções - que dinamizem e incentivem todas aquelas práticas capazes de gerar grande valor no longo prazo, mas que a curto prazo acarretam custos pesados. Estratégias que visem responder afirmativamente a estes desígnios podem garantir que os fluxos financeiros da economia são direcionados a objetivos ambientalmente sustentáveis. Parafraseando Randeep Somel, gestor da M&G Investments, "a luta contra o aquecimento global não será combatida em Glasgow, mas nos parlamentos nacionais onde cada uma das propostas terá de ser aprovada pelos legisladores".
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