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Operador troca Deutsche Bank por ficção científica

Chris Babu, que liderou a unidade de negociação de títulos hipotecários garantidos pelos Estados no Deutsche Bank até 2016, já se habituou aos olhares estranhos quando as pessoas ouvem falar da sua mudança de carreira.

Reuters
Bloomberg 24 de Fevereiro de 2018 às 19:00

Actualmente, Badu passa o dia fechado com Buddy, o seu dogue alemão, a escrever ficção pós-apocalíptica para jovens adultos na sua casa em Southampton, Nova Iorque.

 

"Estás louco", é o que lhe dizem alguns dos seus antigos colegas, segundo Babu. "Arranja um emprego que te dê muito dinheiro."

 

Badu espera, claro, ter feito exactamente isso. O primeiro romance de Babu, "The Initiation", será publicado ainda em Fevereiro pela Permuted Press, especialista em temas como o fim do mundo e ficção científica. Babu descreve o romance como "Os Jogos da Fome" (The Hunger Games, no título original) para "nerds" e diz que este é o primeiro romance de três, acordados com a editora.

 

Babu revelou que gastará uma quantia "significativa" do próprio dinheiro para divulgar o livro.

 

"De forma geral, a reacção foi: ‘estás a fazer uma coisa fixe’", revela Babu, embora algumas tenham questionado a sua sanidade. "Muita gente não me levou a sério e surpreendeu-se quando mantive" a decisão.

 

Embora seja um leitor voraz, Babu, de 42 anos, sempre se dedicou mais aos números. Formou-se em Matemática no MIT e trabalhou no Bank of America antes de entrar no Deutsche Bank em 2005, onde chegou a supervisionar 35 operadores de títulos hipotecários e um balanço de 18 mil milhões de dólares.

 

"O facto de [Badu] entender de negócios foi muito valioso para nós", disse Michael L. Wilson, presidente da editora. "Muitos artistas não entendem o lado comercial das coisas."

 

O trabalho acabou por se tornar entediante, disse Babu. Segundo o autor, isto esteve relacionado com diversos factores, como a flexibilização quantitativa da Reserva Federal (Fed), a Regra Volcker e o zelo excessivo das unidades de compliance para acabar com a volatilidade, com a rentabilidade – e também com a piada – do negócio.

 

"Eu não tinha qualificações para escrever um romance", disse Babu, que começou a escrever depois do trabalho nos seus últimos meses no Deutsche Bank e continuou com esse ritmo após sair de Wall Street, a dormir do amanhecer até o pôr-do-sol e a acordar por volta das 17:00 para trabalhar.

 

Apesar de ter adoptado uma nova personalidade como escritor, Babu admite que sente falta de partes da sua antiga vida, como o ritmo do mercado e a camaradagem com os colegas. Badu continua atentos aos mercados financeiros todos os dias e mantém contato com ex-colegas.

 

"Estou muito comprometido com isto, mas não descarto a possibilidade de voltar a trabalhar no sector financeiro", disse Babu. "Se os livros tiverem sucesso e se transformarem em filmes, provavelmente não voltarei."

(Texto original: Deutsche Bank Trader Turns to Post-Apocalyptic Fiction Writing)

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