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A perda de independência da Fed e mais nove previsões improváveis

A bitcoin vai disparar ainda mais para depois cair a pique? Vai haver uma nova crise política na União Europeia? A China vai minar o estatuto de moeda de reserva do dólar? E a nova Primavera política vai ter lugar em África? Talvez, diz o Saxo Bank. São acontecimentos absurdos, mas não impossíveis de acontecer em 2018.

Republicanos e democratas disputam o voto popular nas eleições intercalares de 2018, com a disciplina orçamental inteiramente ausente e os cortes de impostos do partido republicano a trazerem uma forte queda de receitas que se deteriorará enquanto os EUA caminham para uma recessão. A debilidade da economia, a par com taxas de juro mais altas e um aumento da inflação, deixarão a Reserva Federal sem respostas em matéria de política monetária. A Fed vai ser o bode expiatório do fraco desempenho económico, da turbulência no mercado obrigacionista e do agravamento das desigualdades. O Departamento do Tesouro assumirá novos poderes e obrigará o banco central a limitar a rendibilidade das obrigações do Tesouro a 2,5%, para evitar uma queda do mercado da dívida, política essa esteve pela última vez em vigor logo a seguir à Segunda Guerra Mundial.
reuters
Carla Pedro cpedro@negocios.pt 09 de Dezembro de 2017 às 10:00

O Saxo Bank já identificou os 10 cenários mais absurdos para o próximo ano – que, a concretizarem-se, serão autênticos cisnes negros: acontecimentos bastante raros e improváveis, com um grande impacto no sistema social, político e financeiro em caso de se verificarem.

 

"Estas previsões focalizam-se numa série de eventos improváveis mas subestimados que, se ocorrerem, poderão gerar ondas de choque nos mercados financeiros", sublinham os analistas do banco no seu documento de introdução a esta lista.

 

E prosseguem: "apesar de estas previsões não constituírem as projecções de mercado oficiais do Saxo Bank para 2018, são uma advertência para uma potencial má alocação do risco por parte dos investidores que normalmente só consideram uma probabilidade de 1% de estes acontecimentos se materializarem".

 

Quais são, então, as 10 maiores improbabilidades de 2018, no entender do Saxo Bank? Entre os seus cisnes negros, a Tencent destrona a Apple como empresa mais valiosa e a bitcoin vai andar pelas ruas da amargura.

Fed perde independência em prol do Tesouro dos EUA

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Republicanos e democratas disputam o voto popular nas eleições intercalares de 2018, com a disciplina orçamental inteiramente ausente e os cortes de impostos do partido republicano a trazerem uma forte queda de receitas que se deteriorará enquanto os EUA caminham para uma recessão. A debilidade da economia, a par com taxas de juro mais altas e um aumento da inflação, deixarão a Reserva Federal sem respostas em matéria de política monetária. A Fed vai ser o bode expiatório do fraco desempenho económico, da turbulência no mercado obrigacionista e do agravamento das desigualdades. O Departamento do Tesouro assumirá novos poderes e obrigará o banco central a limitar a rendibilidade das obrigações do Tesouro a 2,5%, para evitar uma queda do mercado da dívida, política essa esteve pela última vez em vigor logo a seguir à Segunda Guerra Mundial.

Banco do Japão obrigado a abrir mão do controlo da curva de rendibilidade

Banco do Japão obrigado a abrir mão do controlo da curva de rendibilidade
A política de controlo da curva de rendibilidade levada a cabo pelo Banco do Japão (BoJ) depende de taxas de juro globais suaves e de “yields” baixas – e em 2018 isso não irá funcionar. À medida que a inflação for subindo, as rendibilidades também dispararão e o resultado será um grande mergulho do iene. Em última análise, o banco central nipónico terá de recorrer a medidas de flexibilização quantitativa, mas não sem antes a nota verde escalar face à divisa japonesa, com o dólar a chegar a valer 150 ienes antes de desvalorizar rapidamente para 100 ienes.

China implementa o petro-renminbi

China implementa o petro-renminbi
A China é, de longe, o maior importador de petróleo, e muitos países produtores sentem-se contentes por passarem a transaccionar o “ouro negro” em yuans. Com o poder e alcance global dos Estados Unidos a dissiparem-se, a decisão da Bolsa Internacional de Energia de Xangai de lançar futuros de petróleo denominados em yuans torna-se um sucesso. A introdução dos petro-yuans levará a moeda chinesa a valorizar mais de 10% face ao dólar, levando a que um dólar passe a valer menos de 6 yuans pela primeira vez na história.

Volatilidade dispara depois de queda repentina das bolsas

Volatilidade dispara depois de queda repentina das bolsas
Os mercados mundiais estão cada vez mais repletos de prodígios e situações extraordinárias e a forte diminuição da volatilidade observada em todas as classes de activos em 2017 não foi excepção. Os mínimos históricos dos índices de volatilidade VIX e MOVE são conjugados com máximos de sempre nas bolsas e no imobiliário. Resultado: um barril de pólvora que poderá levar o índice norte-americano S&P 500 a afundar 25% – e num rápido movimento, como um “flash crash” (queda repentina). Todo um conjunto de fundos de curta volatilidade será completamente varrido do mapa, surgindo uma nova figura: o outrora desconhecido operador de volatilidade de longo prazo, a obter retornos de 1.000% e a tornar-se rapidamente uma lenda.

Eleitores americanos viram à esquerda nas eleições de 2018

Eleitores americanos viram à esquerda nas eleições de 2018
As mudanças demográficas nos EUA, que já fazem com que os “millennials” sejam um grupo mais numeroso do que o dos “baby boomers” do pós-guerra, terão um forte impacto na política em 2018. A repulsa generalizada deste grupo de pessoas com menos de 35 anos perante o presidente Trump, bem como o aumento do fosso da desigualdade devido às medidas da reforma fiscal dos republicanos, aliados a uma nova estirpe de candidatos democratas que não receiam aproveitar o populismo da esquerda de linha dura, farão com que os millennials acorram em massa às urnas em Novembro. Os democratas vão centrar o debate nos estímulos ao investimento em detrimento das reformas fiscais penalizadoras do défice.

Império austro-húngaro ameaça ocupar lugar nuclear da União Europeia

Império austro-húngaro ameaça ocupar lugar nuclear da União Europeia
A divisão entre os antigos membros “core” da UE e os novos membros, mais cépticos, do bloco irá aumentar e criar um fosso intransponível em 2018 – e, pela primeira vez desde 1951, o centro de gravidade político irá ser transferido do eixo franco-alemão para a Europa Central e Oriental. O bloqueio institucional da União Europeia rapidamente irá preocupar os mercados financeiros e o euro, depois de atingir recordes face às moedas dos parceiros do G10, acabará por fragilizar e cair para a paridade unitária face ao dólar.

Bitcoin “atirada aos lobos”

Bitcoin “atirada aos lobos”
A bitcoin vai atingir um máximo histórico de 60.000 dólares em 2018, com uma capitalização de mercado acima de um bilião de dólares, uma vez que o surgimento do contrato de futuros para esta criptomoeda levou a uma onda de envolvimento por parte de investidores e fundos que se sentem mais confortáveis a negociar futuros do que a endossar fundos a bolsas de criptomoedas. No entanto, o fenómeno bitcoin irá “ficar sem tapete” conforme a Rússia e a China forem travando, e até mesmo proibindo, as moedas virtuais. Após o espectacular pico em 2018, a bitcoin irá colapsar e assomar-se a 2019 perto do seu “custo de produção” de 1.000 dólares.

Primavera no Sul de África fará florescer a África do Sul

Primavera no Sul de África fará florescer a África do Sul
Em 2018, após uma surpreendente sucessão de acontecimentos, vai registar-se em toda a África subsaariana uma vaga de transição democrática. A forçada demissão do há muito presidente do Zimbabwe, Robert Mugabe, no final de 2017, desencadeia uma onda de mudanças políticas noutros países africanos. Jacob Zuma, presidente da África do Sul, é forçado a sair do poder, e Joseph Kabila no Congo enfrenta manifestações sem precedentes que o levam a fugir do país. Mas a África do Sul será a grande vencedora, com um forte crescimento económico.

Tencent destrona Apple como empresa mais valiosa

Tencent destrona Apple como empresa mais valiosa
A China está a abrir os seus mercados de capitais e a motivar um optimismo no sentimento dos investidores, algo particularmente notório nos títulos tecnológicos, tendo a líder de mercado, a Tencent, disparado 120% em 2017. Em finais de 2017, a Tencent fica no top 5 mundial em termos de capitalização bolsista, aproximando-se dos 500 mil milhões de dólares e chegando mesmo a eclipsar o Facebook. Em 2018 continuará na mesma via e vai escalar mais 100%, retirando à Apple o título de empresa mais valiosa do mundo, com um “market cap” bastante acima de um bilião de dólares.

As mulheres vão quebrar o tecto de vidro

As mulheres vão quebrar o tecto de vidro
Há cada vez mais mulheres a terminarem estudos universitários. Ainda assim, em 2017, apenas 6,4% das CEO constantes da lista Fortune 500 são mulheres. Mas a mudança está a chegar. Em 2018 o velho clube chauvinista dos bons rapazes vai ser abalado e as mulheres vão ocupar os lugares cimeiros em mais de 60 das empresas que irão integrar o ranking Fortune 500 no final do ano. O tecto de vidro – símbolo de restrição da ascensão profissional das mulheres – vai ser quebrado.
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