O comboio Intercidades, que fazia a ligação Lisboa-Porto, embateu no comboio urbano que ligava o Entroncamento a Coimbra, na passada segunda-feira, quando circulava a uma velocidade de 42 km/h. Ambos os comboios passaram um semáforo amarelo fixo, que avisa o maquinista sobre a possibilidade de o semáforo seguinte estar vermelho. O comboio regional não conseguiu parar no semáforo vermelho, excedendo o local de paragem em 269 metros.

O Intercidades também não conseguiu respeitar o sinal de paragem e imobilizou-se repentinamente quando embateu no comboio regional. De acordo com o relatório, “considera-se que as condições de aderência [da linha] encontravam-se degradadas”. O relatório não explica, contudo, porquê: numa inspecção que foi feita à linha, os inspectores da CP, REFER e IMTT apenas encontraram “humidade” na linha e não detectou “óleo ou outras gorduras na via”.

“Não foi possível concluir o inadequado comportamento dos sistemas de frenagem dos dois comboios”, lê-se ainda no relatório. O documento reconhece que “apesar de não ter sido possível detectar as causas” do acidente, a comissão de inquérito conclui “que houve falta de aderência entre as rodas e o carril, que originaram deslizamentos de ambos os comboios e contribuíram para a não imobilização dos mesmos” antes do sinal S1, à entrada da estação de Alfarelos.

Travagens de emergência automática actuaram tarde

O sistema CONVEL, que obriga o comboio a imobilizar-se automaticamente quando o maquinista desrespeita um sinal de paragem, não actuou a tempo. “As frenagens de emergência” provocadas pelo sistema “ocorreram tardiamente” em ambos os comboios, lê-se no relatório.

O Intercidades circulava a 130,5 km/h quando passou pelo sinal amarelo, enquanto que o Regional transitava a 81 km/h. Quando o sistema CONVEL actuou, aplicando uma travagem de emergência, o regional ainda circulava a 34,5 km/h e o Intercidades a 58,5 km/h.

Enquanto não for possível apurar as causas do acidente, a comissão de inquérito recomenda que os comboios circulem a um máximo de 30 km/h à entrada da estação de Alfarelos. Recomenda-se ainda um ensaio com um comboio Intercidades, em condições semelhantes às da passada segunda-feira (noite, com os carris molhados), onde se simulará a velocidade de circulação e os pontos em que o comboio começou a travar no dia do acidente.