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Para a Gazprom, a igreja e o Estado estão à frente dos investidores

Na hierarquia económica de Vladimir Putin, muitos investidores de empresas estatais russas estão abaixo da Igreja, do país e até mesmo do desporto.

17º FC Zenit Saint Petersburg 196.5 milhões de euros em receitas
A Gazprom patrocina o Zenit São Petersburgo reuters, bloomberg, getty images
Bloomberg 18 de Novembro de 2017 às 19:00

O conselho de administração da gigante de gás Gazprom aprovou elevar em 60% a meta de doações deste ano, para o recorde de 26,3 mil milhões de rublos (334 milhões de euros), e rejeitou os pedidos de redução de custos efectuados por accionistas minoritários, segundo um documento interno visto pela Bloomberg. Um funcionário da empresa, que pediu anonimato porque a informação não é pública, confirmou o número.

 

Entre os principais beneficiados pela generosidade estão a Rússia: Minha História, uma rede nacional de parques de diversões patrióticos financiada pelo Kremlin e pela Igreja Ortodoxa Russa, e fãs de desporto da cidade siberiana de Irkutsk, onde a empresa construiu um complexo de treino com uma piscina olímpica.

 

A empresa com sede em Moscovo vem há muito frustrando os seus investidores ao financiar projectos que não fazem sentido economicamente, como o fornecimento de cereais à Coreia do Norte em 2011 e a construção de resorts de esqui para os Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi. Aumentar o gasto com doações até o nível da Exxon Mobil, uma petrolífera norte-americana com o dobro de vendas e sete vezes o seu valor de mercado, provavelmente vai frustrar as esperanças de que a empresa leve a sério a redução de custos, segundo Pavel Kushnir, analista do Deutsche Bank.

 

"Para pessoas como eu, que acham que o controlo de custos da Gazprom está a melhorar, sem dúvida que este aumento de despesas não essenciais é uma notícia negativa", disse Kushnir. "Para quem nunca mudou de opinião e considera que a Gazprom é uma empresa ineficiente – a maioria, infelizmente –, esta notícia não muda muita coisa."

 

Gastos

 

A Gazprom, que gastou centenas de milhões de dólares para transformar a sua equipa de futebol profissional, o Zenit São Petersburgo, num campeão nacional, além de patrocinar também equipas alemãs e sérvias, afirmou que leva a sério a redução de gastos. Excluindo "coisas pontuais", como Rússia: Minha História e o complexo de Irkutsk, neste ano haverá menos doações do que no ano passado, informou a assessoria de imprensa.

 

As acções da Gazprom tiveram o pior desempenho entre as maiores empresas russas de petróleo e gás nos últimos três anos, com uma queda de cerca de 7%, em comparação com ganhos entre 60% e 45% para a Lukoil e a Novatek, as maiores produtoras não estatais de petróleo e gás do país.

 

Em parte, tal deve-se ao forte crescimento da linha da demonstração de resultados da empresa que mais preocupa os investidores – "outros", que normalmente inclui consultoria, propaganda e doações. Os gastos desta categoria deram um salto de 18% no primeiro semestre, para 178 mil milhões de rublos (2,52 mil milhões de euros). A Gazprom não fornece uma projecção desses custos para o ano inteiro.

 

"A Gazprom não pode ficar de braços cruzados enquanto na Rússia estão a ser realizadas acções grandiosas e gloriosas", disse o vice-CEO Valery Golubev este mês, na inauguração de um parque histórico na região de Samara.

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